domingo, 3 de maio de 2009

Diferentes tipos de feminismo

Quando falamos em feminismo, temos de levar em linha de conta a existência de diferentes tipos: O feminismo liberal; o feminismo materialista e o feminismo radical.




O feminismo liberal foi o feminismo da primeira vaga e teve como representantes mais conhecidas Mary Wollstonecraft (1759-1797) autora de Vindications of Rights of Woman e Virgínia Woolf (1882-1941) autora de A Room of One’s Own (1929). Neste período, aceita-se o determinismo biológico que distinguiria homens de mulheres, mas reivindica-se igualdade de direitos, nomeadamente o direito de voto e de representação política, julgando-se que serão suficientes reformas políticas para resolver os problemas que afectam as mulheres. Todavia, convém dizer-se que Virgínia Woolf já teve a percepção de que o problema estava também ligado à ausência de poder económico das mulheres, que condicionava a sua situação de dependência e submissão.


O feminismo materialista, ligado aos nomes de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), diverge do feminismo liberal porque considera que o género é acima de tudo uma construção social e não um determinismo biológico e como tal não é uma categoria que corresponda a uma realidade imutável. As ideias dos dois pensadores sobre a matéria encontram-se dispersas, mas foi Engels que na «Origem da Família, da Propriedade e do Estado» lhes deu uma forma mais sistemática. Mas para Engels a opressão básica é a de classe e não a das mulheres, partindo do princípio de que se se criarem condições para pôr termo à opressão de classe também se verificará a emancipação da mulher. Engels denuncia a fraude que é a família monogâmica pois esta só é monogâmica para as mulheres às quais se exige fidelidade absoluta como garantia de que a herança do património familiar segue de pai para filhos. Simone de Beauvoir (1908-1986) escrevendo em 1949 o Segundo Sexo assume uma postura não essencialista próxima do feminismo materialista.


O feminismo radical dos anos sessenta é também essencialista quanto às diferenças entre homens e mulheres, mas, diferentemente do feminismo liberal, considera insuficientes as reformas políticas que visem uma maior participação das mulheres e preconiza que só a abolição das estruturas opressivas da sociedade patriarcal pode levar à verdadeira emancipação e ao estabelecimento da igualdade relativamente aos homens.

7 comentários:

  1. Bom dia.

    Há uma oração neste artigo que não me parece correcta. É a seguinte:

    "(...) visando a uma maior participação das mulheres insuficientes (...)" Deve ser uma gralha, corrige :)

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  2. Não penso que esteja errado pois o sujeito da oração está no plural e o adjectivo concorda com ele.

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  3. Aliás estou a dizer mal, «insuficientes» concorda com «reformas políticas» que são o complemento directo e não o sujeito.

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  4. Corrijo: concorda com reformas políticas que é complemento directo.

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  5. Está mal e pronto. É uma questão de cadeia referêncial. Insuficientes refere-se directamente a "mulheres". Quebra a coesão textual por completo. Aliás, como bem se vê pela necessidade que teve de vir precisar a que é que "insuficientes" se referia.

    Se quer corrigir então é assim: (...) mas diferentemente do feminismo liberal considera as reformas políticas insuficientes, visando a uma maior participação das mulheres e preconiza (...)

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  6. O Feminismo Radical é essencialista?

    Não, definitivamente não. Essencialismo é a idéia de que o sexo é biológico, não social. Algo como, os meninos são naturalmente agressivos e aventureiros, enquanto as meninas são cuidadosas e emocionais. Onde o comportamento generizado é atribuído a estruturas cerebrais, ou hormônios, ou ambos.

    As feministas têm enfrentado o essencialismo desde o início. O essencialismo biológico tem sido utilizado como desculpa para tudo, desde a exclusão das mulheres da educação até a violência sexual dos homens. Quem está no poder precisa naturalizar sua dominação e a submissão do grupo subordinado: se a sociedade fosse realmente organizada pela natureza, por Deus ou pelo cosmos, então não haveria nenhum motivo para combatê-la. A ideologia do essencialismo pode ser muito eficaz na exclusão da resistência.

    Pense em raça. A raça não é biologicamente real. Politicamente, socialmente, economicamente, a raça é, realmente, uma realidade brutal ao redor do globo. O conceito de raça, no entanto, é uma criação dos poderosos. Se quisermos um mundo justo, as instituições materiais que mantêm as pessoas de cor subordinadas precisam ser desmontadas. E os conceitos de "branquitude" e "negritude" acabarão por serem abandonados já que eles não fazem sentido fora das realidades da supremacia branca.

    Muitas pessoas ficam confusas quando se exige que elas apliquem essa mesma análise radical ao gênero. Mas a partir de uma perspectiva feminista, as semelhanças são óbvias. Existem diferenças no tom da pele na espécie humana? Sim. Por que essas diferenças significam tanto? Porque um arranjo corrupto e brutal de poder precisa de uma ideologia chamada racismo. Existem diferenças nas formas dos órgãos genitais das pessoas? Sim. Por que essas diferenças são importantes? Porque um arranjo corrupto e brutal do poder – patriarcado – precisa de uma ideologia chamada de gênero.

    O patriarcado é um sistema político que leva homens e mulheres biológicas e transforma-os em categorias sociais chamadas homens e mulheres, de modo que a classe de homens possa dominar pessoas chamadas mulheres. Gênero é para as mulheres o mesmo que raça é para as pessoas de cor: uma construção ideológica que sustenta sua subordinação.

    Portanto, somos firmemente contra a ideia de que o sexo é biológico. Na verdade, são os generistas que fazem reivindicações de gênero essencialistas. Na opinião deles, homens e mulheres apresentam dominação e submissão, respectivamente, não por causa das condições sociais, mas porque temos cérebros diferentes. Comportamento de gênero é natural, dizem eles, em função de nossa biologia. A alegação é que muitas vezes os hormônios pré-natais geram essas tendências, e que os hormônios "errados" podem produzir o cérebro "errado". Por isso, é possível ter o corpo de um homem com cérebro de uma mulher.

    Achamos muito estranho que sejamos acusados ​​de essencialismo quando acreditamos no exatamente oposto. O gênero é socialmente construído desde sua raiz, e essas raízes estão encharcadas do sangue das mulheres. Nosso objetivo é desmantelar isso. Se o gênero fosse um produto da nossa biologia, isso não seria possível. Rejeitamos a idéia de que exista um cérebro feminino tão firmemente como rejeitamos a idéia da existência de um "cérebro Negro".

    Fonte: http://deepgreenresistance.org/pt/who-we-are/faqs/radical-feminism-faqs

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  7. Voltando a reler este post que já tem,alguns anos, tenho de agradecer o seu esclarecimento. Hoje não o teria publicado, pelo menos sem uma perspetiva critica; é certo que um dos nomes mais importantes do feminismo radical Shulamith Firestone procurou raizes mais profundas para a opressão das mulheres que encontrou na biologia, mas penso que este post e video que o suporta distorcem e simplificam a questão.
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