Os homens são agressivos e dominadores, as mulheres dóceis e submissas; isto é, a agressividade é um atributo masculino e a docilidade um atributo feminino; ser homem é ser agressivo; ser mulher é ser dócil. Mas estas afirmações são isso, afirmações, e estão longe de ser consensuais .
Considerando, por exemplo, a agressividade, podemos dizer que esta, ao invés de ser um atributo masculino é um atributo da espécie humana, imprescindível, até um certo grau, para a sua subsistência, que tanto se encontra em homens como em mulheres. A agressividade pode exprimir-se sob diversas formas que vão desde a violência física até à violência simbólica; as mulheres, menos fortes fisicamente, não serão tão propensas a manifestar agressividade através da violência física, mas recorrerão a outras estratégias; poderão até adoptar a estratégia da submissão perante o mais forte, se tal for necessário em termos de sobrevivência, mas dizer que são passivas e não são agressivas é um flagrante mal entendido ou prova de má fé.
Por outro lado, a dominância masculina e a submissão feminina, que a teoria também explica por determinismo genético, podem perfeitamente ser explicadas pela superioridade física do macho e por falta de outra opção por parte da fêmea, tudo isto reforçado por um poderoso processo de aculturação e por mecanismos adequados que tem funcionado ao longo dos séculos. Esta explicação, parece mesmo bastante mais lógica, pois não se encontra nenhum animal que goste de ser submisso ou mostre propensão para a submissão, o que acontece é que às vezes não resta alternativa e então... faz-se da necessidade virtude!
A conclusão que podemos tirar é que tanto para a «dominância» masculina quanto para a «submissão» feminina existe explicação alternativa e não é de modo nenhum imperativo supor que se trata de atributos inatos e excludentes. Uma certa dose de agressividade existe em todos os seres humanos; vontade de domínio é provavelmente também uma característica do mundo humano e até também do mundo animal; necessidade de se submeter ao mais forte é algo perfeitamente contingente, não há aí nada de inato, de universal ou de necessário. Mas pretender que os homens são geneticamente dominadores e que as mulheres são naturalmente submissas pode vir muito a jeito quando se pretende perpetuar a supremacia masculina.