Os provérbios são, como sabemos, sínteses pitorescas de observação, resumos de «sabedoria popular». Ora há, como também sabemos, muitos provérbios sexistas que, embora acusem um certo desgaste, continuam a ser citados a propósito e a despropósito em situações pretensamente hilariantes.
Os provérbios sexistas constituem reflexos vivos do desprezo social pelas mulheres; as visadas não só tem de os ouvir sem recalcitrarem, como é suposto que lhes achem graça, sob pena de serem acusadas de menos dotadas em termos de sentido de humor. Mas é difícil achar graça, a menos que se seja debiloide, a essas manifestações de alarvidade consensual:
«Bate regularmente na tua mulher, mesmo que não saibas a razão, não te preocupes porque ela sabe»
As mulheres são como as batatas, comem-se descascadas ou a murro»
Livre-nos Deus da burra que faz him e da mulher que sabe latim»
Como estes ditados são formuladas em termos de humor e provocam sorrisos coniventes da assitência, qualquer resposta resultará necessariamente patética e assim se continuam a cultivar estas preciosas pérolas de misoginia popular que aceitam e estimulam: (1) a violência contra a mulher, (2) a redução da mulher ao estatuto de objecto sexual, (3) a satirização da mulher que aspira à instrução e ao conhecimento.
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