Tenho escrito sobre a religião patriarcal na sua versão judaico-cristã, mas convém não perdermos de vista que, apesar de tudo, nesta versão, a misoginia, embora longe de extinta, encontra-se hoje algo suavizada. Tal não acontece, todavia, em outros contextos como é o caso da religião e cultura muçulmanas em que conhecemos situações que poderíamos designar de atentados contra os direitos humanos na pessoa das mulheres; estes só não são vistos como tal porque parece que os direitos humanos continuam a ser masculinos mesmo na perspectiva ocidental.
Vemos o Ocidente muito preocupado em denunciar abusos de direitos humanos na China ou no Tibete, vimos a denúncia do apartheid na África do Sul, mas quando se trata das mulheres e da violação de direitos humanos básicos o que vemos é, as mais das vezes, o apelo esfarrapado ao multiculturalismo e a diferenças que se entende serem respeitáveis e de respeitar.
Ora porque é que nos sentimos no direito de reclamar contra atentados aos direitos humanos nas mais variadas regiões do globo e em relação aos direitos das mulheres ficamos tão estranhamente silenciosos? Será que os direitos das mulheres não são direitos humanos?
Vem isto ao caso para referir o que aconteceu recentemente, já em 2009, nos Estados Unidos. Aasiya Hassan foi assassinada barbaramente pelo marido que assim respondeu ao seu pedido de divórcio. Em relação a este caso pretendeu branquear-se o contexto cultural e religioso em que o crime ocorreu com a alegação de que nos grupos sociais em que a cultura ocidental é dominante também ocorre este tipo de crimes, ditos de «honra» ou «passionais». Ora isto é verdade, mas não pode de maneira nenhuma fazer-nos esquecer que os costumes e as práticas religiosas não são todas as mesmas.
Passo a transcrever as palavras de Violet Socks:
Vemos o Ocidente muito preocupado em denunciar abusos de direitos humanos na China ou no Tibete, vimos a denúncia do apartheid na África do Sul, mas quando se trata das mulheres e da violação de direitos humanos básicos o que vemos é, as mais das vezes, o apelo esfarrapado ao multiculturalismo e a diferenças que se entende serem respeitáveis e de respeitar.
Ora porque é que nos sentimos no direito de reclamar contra atentados aos direitos humanos nas mais variadas regiões do globo e em relação aos direitos das mulheres ficamos tão estranhamente silenciosos? Será que os direitos das mulheres não são direitos humanos?
Vem isto ao caso para referir o que aconteceu recentemente, já em 2009, nos Estados Unidos. Aasiya Hassan foi assassinada barbaramente pelo marido que assim respondeu ao seu pedido de divórcio. Em relação a este caso pretendeu branquear-se o contexto cultural e religioso em que o crime ocorreu com a alegação de que nos grupos sociais em que a cultura ocidental é dominante também ocorre este tipo de crimes, ditos de «honra» ou «passionais». Ora isto é verdade, mas não pode de maneira nenhuma fazer-nos esquecer que os costumes e as práticas religiosas não são todas as mesmas.
Passo a transcrever as palavras de Violet Socks:
«Nem todas as religiões e culturas são o mesmo. A violência contra as mulheres ocorre virtualmente em todas as sociedades, mas o grau e a severidade dos abusos variam enormemente conforme as culturas. Antropologistas e cientistas sociais estudam há décadas este assunto: Podemos dizer que a percentagem de mulheres espancadas varia desde 18% na Noruega (tomando o exemplo de uma estatísticas de 1998) até 80% no Paquistão (ou mesmo mais dependendo do estudo). A violência contra as mulheres não é um universal absoluto que flutua independentemente da cultura: está muito ligado a normas sociais e a expectativas, a crenças religiosas e a níveis de domínio masculino.»
O que este e outros casos semelhantes revelam é que certos códigos sociais e religiosos criam um caldo cultural mais propício à ocorrência de situações de violência contra as mulheres do que outros e como tal devem ser denunciados e não branqueados.
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