Na República Dominicana, país de forte tradição católica, foi votada uma emenda à Constituição que no artigo 30 estabelece: «O direito à vida é inviolável desde a concepção até à morte» - impondo-se assim a proibição radical do aborto.
Do alto do púlpito, o Cardeal de S. Domingos, Nicholas de Jesuz Lopez Rodriguez na missa que semanalmente oficia voltou a reafirmar a oposição da Igreja Católica ao aborto em qualquer circunstância. O movimento pró-vida exultou com o novo quadro legal.
Estranho nome este de movimento pró-vida; estranha Igreja esta do inviolável direito à vida, porque para ambas, de facto, a única vida que importa é a do feto, a da mulher é dispensável; de outro modo, no mínimo teriam considerado uma excepção: o risco de vida para a mulher, ou seja, o aborto terapêutico que as autoridades médicas do país são unânimes em defender.
Não satisfeitos com a ilegalização total do aborto, em qualquer circunstância, também os anticoncepcionais estão na mira dos legisladores, proibindo-se desde já o recurso aos dispositivos intrauterinos.
É uma infelicidade que, num país com índices alarmantes de pobreza e em que 39% dos lares são constituidos por mães solteiras e seus filhos, se castiguem os pobres com filhos não desejados, condenados a repetirem o ciclo de sofrimento e pobreza.
Sem comentários:
Enviar um comentário