O sentimentalismo romântico foi um tipo de discurso que ganhou força na Europa do século XVIII, nomeadamente em França; manifestou-se na literatura através de novelas que pressupunham um conjunto de atitudes que valorizavam os sentimentos e as emoções e realçavam a importância do amor no casamento.
Enquanto discurso apresentava um estilo próprio, normalmente reconhecido por uma linguagem efusiva e emotiva, e por um conteúdo que apelava aos sentimentos e adoptava uma atitude nostálgica em relação à natureza e à própria experiência.
Em relação às Mulheres - e é esse o aspecto que aqui me interessa referir, o sentimentalismo foi o meio utilizado para as convencer de que, aceitando o seu lugar natural, viveriam no melhor mundo possível. Cumpre reconhecer que de uma maneira geral foi bem sucedido.
Numa época - séculos XVII e XVIII, em que algumas mulheres procuravam já instruir-se e adquirir cultura, aproximando-se dos seus companheiros masculinos, não pareceu suficiente ridicularizá-las, como o fez Molière nas Femmes Savantes, ou desencorajá-las sob os mais variados pretextos, como o fizeram Rousseau, Kant e outros, em diversos escritos filosóficos e afins; era preciso dar mais um passo e fornecer modelos que elas pudessem seguir e nos quais, conquanto engaioladas, pudessem sentir-se bem, garantido assim ao sector masculino a continuação do usufruto pacífico e inquestionado de privilégios milenares.
Deste modo e tendo em vista cumprir a sua «agenda», devidamente disfarçada para não espantar a caça, o sentimentalismo elogiava o amor romântico e a felicidade doméstica pintando a vida do lar com as cores mais sedutoras e sacralizando a maternidade que, até então, é preciso dizê-lo, não fora olhada com particular desvelo[1]. Para confinar a mulher a este papel tão desigual daquele que esperava o homem, era importante realçar as diferenças entre os dois sexos, naturalizá-las e, como se não fosse bastante, prescrever um tipo de educação que as aumentasse em vez de as diminuir.
Enquanto discurso apresentava um estilo próprio, normalmente reconhecido por uma linguagem efusiva e emotiva, e por um conteúdo que apelava aos sentimentos e adoptava uma atitude nostálgica em relação à natureza e à própria experiência.
Em relação às Mulheres - e é esse o aspecto que aqui me interessa referir, o sentimentalismo foi o meio utilizado para as convencer de que, aceitando o seu lugar natural, viveriam no melhor mundo possível. Cumpre reconhecer que de uma maneira geral foi bem sucedido.
Numa época - séculos XVII e XVIII, em que algumas mulheres procuravam já instruir-se e adquirir cultura, aproximando-se dos seus companheiros masculinos, não pareceu suficiente ridicularizá-las, como o fez Molière nas Femmes Savantes, ou desencorajá-las sob os mais variados pretextos, como o fizeram Rousseau, Kant e outros, em diversos escritos filosóficos e afins; era preciso dar mais um passo e fornecer modelos que elas pudessem seguir e nos quais, conquanto engaioladas, pudessem sentir-se bem, garantido assim ao sector masculino a continuação do usufruto pacífico e inquestionado de privilégios milenares.
Deste modo e tendo em vista cumprir a sua «agenda», devidamente disfarçada para não espantar a caça, o sentimentalismo elogiava o amor romântico e a felicidade doméstica pintando a vida do lar com as cores mais sedutoras e sacralizando a maternidade que, até então, é preciso dizê-lo, não fora olhada com particular desvelo[1]. Para confinar a mulher a este papel tão desigual daquele que esperava o homem, era importante realçar as diferenças entre os dois sexos, naturalizá-las e, como se não fosse bastante, prescrever um tipo de educação que as aumentasse em vez de as diminuir.
A mulher ideal era gentil, pura e altruísta; o marido e os filhos constituíam o seu mundo; se não desafiasse a tradição e os bons costumes e se agisse em conformidade com esse modelo, seria respeitada e feliz. Instruir-se, participar na vida política, exercer sequer uma profissão, isso estava completamente fora de cogitação.
É claro que o sentimentalismo romântico teve um efeito contraproducente em relação ao movimento que começava a dar os primeiros passos na luta pela redução das desigualdades entre homens e mulheres. Com a conivência das próprias mulheres, algumas delas cultas e que nas suas próprias vidas privadas até se afastavam do modelo proposto, saiu, pelo menos no momento, triunfante.
[1] Ver Elizabeth Badinter
É claro que o sentimentalismo romântico teve um efeito contraproducente em relação ao movimento que começava a dar os primeiros passos na luta pela redução das desigualdades entre homens e mulheres. Com a conivência das próprias mulheres, algumas delas cultas e que nas suas próprias vidas privadas até se afastavam do modelo proposto, saiu, pelo menos no momento, triunfante.
[1] Ver Elizabeth Badinter
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