segunda-feira, 15 de junho de 2009

Casamento, família patriarcal e prostituição

Friedrich Engels (1820-1895) em A Família, a Propriedade Privada e o Estado defende a ideia, verdadeiramente revolucionária para a época, de que o Casamento e a Família Patriarcal, embora tenham um passado antiquíssimo, têm também uma história – uma origem no tempo, e, portanto, não são realidades eternas e imutáveis que seria preciso aceitar sem discussão; retira-lhes, desse modo, o carácter sagrado e intocável, abre o domínio à crítica e levanta a hipótese de ele poder ser reorganizado.

Na génese do casamento e da família patriarcal Engels encontra a dominação e a apropriação das mulheres pelos homens e a constituição da propriedade privada, inicialmente do gado e das mulheres, incluindo em seguida as terras e, posteriormente, o capital.
Engels apoia a ideia, que tinha sido já defendida por Stuart Mill, do casamento como escravatura doméstica, que Mill supunha decorrente da brutalidade original dos homens e que Engels entende como uma inovação opressiva que se iria transformar no modelo de outras formas de opressão, estando assim na base de todas as desigualdades e injustiças posteriores.
Na organização da família patriarcal, a propriedade privada e o sistema de heranças com o favorecimento da primogenitura teriam sido os elementos determinantes: a fim de garantir que os seus bens vão ser herdados pelos seus legítimos filhos, o pai de família tem também de garantir a sua dominação sobre a mulher, controlando a sua sexualidade, exigindo-lhe recato absoluto e punindo brutalmente qualquer eventual transgressão à regra; todavia, irá reservar para si um outro padrão de conduta mais consentâneo com as urgências da «natureza». É neste contexto que surge o casamento monogâmico que afinal não é tão virtuoso como os seus partidários defendem porque, na prática, à conta do duplo padrão de conduta, a monogamia só funciona para as mulheres.

Ainda segundo Engels, é na instituição do casamento monogâmico que é preciso procurar as raízes da prostituição. Se as mulheres – esposas - têm de ser castas, se o adultério feminino é severamente punido e, portanto desencorajado, os homens só poderão ter outras relações sexuais fora do casamento com um tipo de mulheres que não estejam sujeitas a esses constrangimentos. Serão as mais fracas, as mais pobres e as menos educadas que irão constituir a reserva para a exploração sexual masculina.
Numa cultura em que a dominação masculina é elemento essencial, a prostituição transforma-se numa necessidade que decorre naturalmente dessa supremacia; mas, dado o contexto em que surge, com a proclamação oficial dos valores femininos da castidade, da fidelidade e do recato, ela tem de ser moralmente condenada pela moral hipócrita daqueles que, servindo-se das prostitutas, não têm qualquer pejo em marginalizá-las e em desprezá-las.
Foi assim que Tomás de Aquino, o grande e inefável Doutor da Igreja pode escrever com toda a tranquilidade do mundo:

«O que é que pode ser mais sórdido, mais desprovido de modéstia, mais vergonhoso do que prostitutas, bordeis e todos os outros males deste tipo?! Todavia, remove a prostituição dos assuntos humanos e poluirás todas as coisas com luxúria; estabelece-a entre as matronas honestas e desonrarás todas as coisas com desgraça e torpeza.»

5 comentários:

  1. Olá linda...
    Finalmente estou blogando seu post...
    Ah, e ja está na minha lista de links tbm...
    bjins

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  2. Olá Nana Odara
    Já vi que publicou este texto no seu blog; ainda bem, é uma óptima oportunidade para divulgar ideias que nos ajudam a entender melhor a nossa situação e nos tornam mais conscientes das injustiças sociais.
    Bjs

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  3. Engels era louco, completamente equivocado na idéia, e isso já foi PROVADO, nunca existiu uma sociedade matriarcal primitiva como ele descreve! sem propriedade privada, sem governo.

    Esse comunisto é o engodo que os Socialistas usam pra tomar o poder e se manter lá!

    Eles destroem a família porque é o núcleo fundamental de qualquer sociedade, sem a família o indivíduo fica a mercê do Estado. Leia Admirável Mundo Novo, e verá o que acontece nessa "sociedade revolucionaria". Cuidado com o que desejas, pois pode se tornar realidade.

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  4. Gostaria que o comentador, que aparentemente só sabe vociferar, lesse o texto e rebatesse as teses apresentadas. Isso sim, seria deveras interessante, o resto nem merce o trabalho de deletar o comentário.
    Adília

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  5. " Após a derrota da Revolução de 1848, Marx e Engels tiveram de sair da Alemanha e ir para a Inglaterra. Para sustentar-se e ajudar Marx, Engels trabalhou como subordinado nos escritórios da Ermen & Engels, em Manchester. Novamente foi bem-sucedido como homem de negócios.

    Assim pôde também sustentar Marx, sua mulher e as duas filhas, enquanto o filósofo se dedicava exclusivamente aos estudos. Engels também deu amplo apoio moral a Marx. Quando este engravidou a empregada de sua família, Engels assumiu a paternidade da criança, para evitar um escândalo."

    Falando sério, mulheres de meu Deus.
    Vocês vão acreditar nestas 02 serpentes malignas? que escrevem uma coisa e vivem outras completamente diferentes?
    O Humano não é aquele que manda você fazer, mas sim aquele que primeiro faz e depois manda fazer.

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